Coleta de umbu/imbu em sistema agroflorestal.

A agrofloresta paêbirú assim como qualquer sistema agroflorestal, é policultura, mas a cultura agrícola mais promissora é a do umbu/imbu. 

Spondias tuberosa é uma árvore endêmica do bioma caatinga e dela podemos usar como alimento, as folhas, as batatas e os frutos. Porém, raramente vemos ela ser plantada, mas no SAF, existem muitos umbuzeiros adultos e outros novos que foram plantados a partir de sementes. 

Hoje reunimos a família para coletar umbus e fazermos a deliciosa umbuzada. Bebida comum na região nordeste que tem como ingredientes, umbu, leite, água e açúcar. 

 

Agrofloresta paêbirú tem reserva de água garantida.

Até o presente momento foram duas precipitações, mas foram suficientes para assegurar regas  na agrofloresta  até o outono, quando as chuvas costumam vir com mais frequência nessa região. Agora temos água nos dois tanques e na cisterna. Situação satisfatória para nós, que estávamos com reserva apenas para o final de março. 

 Momento satisfatório também para as culturas não regadas, como a do mandacaru, da palma, do umbuzeiro. A cerva viva é uma meta muito importante no SAF, para evitarmos no futuro a compra de arame farpado e a derrubada de árvores para fazer estacas. Os frutos dos umbuzeiros com as chuvas ficarão maiores que o convencional.

Vídeo atualizado do SAF.

Precipitações favorecendo produção de frutas no bioma caatinga.

Devido as precipitações que começaram no dia 31 de dezembro de 2019 e persistem ocasionalmente até o início de fevereiro de 2020, o sistema agroflorestal Paêbirú garantiu as safras de acerola, seriguela e umbu/imbu antes da estação chuvosa desta região, que costuma ocorrer entre junho e agosto. 

Outro aspecto favorável promovido pelas precipitações de verão, foi o fortalecimento da cerca viva do SAF, que possui mandacaru, facheiro, xique xique e umburana/imburana. As plantas estão vigorosas e crescendo.

Os umbuzeiros/imbuzeiros plantados no SAF estão reagindo bem e cresceram bastante.

Aprender a conviver com a seca no bioma caatinga.

A agrofloresta paêbirú está localizada no município de Gararu/ Sergipe, que faz parte do bioma caatinga, onde o regime de chuvas é marcado pela escassez e há uma acentuada irregularidade espaço-temporal com longos períodos de estiagem e a maior parte da precipitação, geralmente, ocorre em três meses, com média anual inferior a 800 mm. Essas características resultam na ocorrência frequente de dias sem chuvas, ou seja, veranicos, e, consequentemente, em eventos de seca. Essa oscilação pluviométrica está associada a variações de padrões de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos tropicais, os quais afetam a posição e a intensidade da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) sobre o Oceano Atlântico, assim como às anomalias de temperatura observadas no Oceano Pacífico, que resultam em anos com La Niña e/ou El Niño.

 Seca entre 2012 e 2016 e atualmente.

Os primeiros manejos do sistema agroflorestal ocorreram em 2009. Demarcamos o local onde seria construída a sede, catalogamos alguns umbuzeiros, manejamos um espaço para o plantio de algumas frutíferas e fizemos o cercamento do SAF 1. Mas o projeto ficou em latência e só retomamos  as atividades em 2012, desta vez sem interrupções. 

Na retomada em 2012,  iniciou-se uma das secas mais severas dos últimos 50 anos na região nordeste, foram 5 anos sem inverno chuvoso e as culturas que pensávamos produzir (milho, feijão, abóbora, melancia, quiabo, tomate) era impossível nessa situação sem um sistema de irrigação. Algumas espécies que plantamos não resistiram as elevadas temperaturas e falta de água.  Nesse cenário extremo a serigueleira, o pé de pinha (fruta do conde), o cajazeiro, o tamarindeiro. a aceroleira, o dendezeiro, a jabuticabeira, a romãzeira, a moringa oleífera, o maxixeiro, dentre outras, com regadas esporádicas resistiram. Palma santa e pitaya são extremamente adaptadas ao bioma caatinga.

Percebemos que era crucial valorizarmos as endêmicas, e plantamos umbuzeiros, maracujá da caatinga, mandacaru, xique xique, rabo de raposa( chifre de bode), uva do mato(Cissus simsiana) …

Sem chuvas, plantamos babosa, mandacaru e palma para gerar biomassa para o solo,  inserimos  endêmicas  que não existiam no SAF, dentre elas a barriguda, ou paineira-branca (Ceiba glaziovii) e o pau ferro, ou jucá  (Caesalpinia ferrea).

Construímos 3 tanques para receberem água das chuvas e os caminhos feitos com pedras direcionam as águas até eles,  além disso, essas estruturas de pedra evitam a perda de solo e de matéria orgânica.  

A seca foi uma mestra para nós!

Estamos com abóbora, quiabo, tomate, melãozinho,melancia e moringa oleífera, na roça.

Policultura e valorização dos endêmicos em sistema agroflorestal.

A policultura é um método de produção de alimento que valoriza a diversidade e que segue a dinâmica da multiplicidade de entes contida nos biomas. 

 

Os sistemas agroflorestais estão seguindo esse princípio da natureza e na agrofloresta paêbirú não é diferente. Estamos promovendo a diversificação radical do cultivo, da coleta e do consumo de alimentação vegetal.  Além da inserção de culturas agrícolas convencionais, procuramos valorizar cada vez mais a flora endêmica a favor da produção de comida, remédio e em breve o sabão de babosa.

 

Em sistema policultor o agricultor leva para a mesa uma grande variedade de produtos alimentícios, e mesmo que não exista a possibilidade de comercialização em alguns períodos, é vantajoso, visto que o que foi colhido/coletado reduz o gasto com a compra e quebra a relação com a monocultura de larga escala, a mesma promovedora de uma devastadora desestruturação dos ecossistemas.

 

Inverno favorável no SAF

De 2012 até o presente momento, tivemos apenas um inverno favorável, este ocorreu em 2017.  Ano passado tivemos infelizmente outro inverno irregular, mas este ano, até o presente momento, as precipitações estão dentro da regularidade do período quando não ocorrem secas.

Algumas frutíferas iniciaram nova safra. Limão, acerola, jabuticaba, romã.

Estamos coletando moringa e maxixe.

Uso dos recursos locais na agrofloresta paêbirú

Em um cenário planetário em que a demanda excessiva pelos recursos está provocando uma brutal degradação dos ecossistemas, optar pelo uso dos recursos locais é crucial. Nós procuramos usar prioritariamente os contidos no bioma caatinga ou restos de materiais descartados. 

Com mandacaru criamos cercas vivas para evitar a passagem do gado dos vizinhos para o  SAF, pois eles podem destruir as mudas de umbuzeiro e das demais  frutíferas inseridas no sistema. Os pássaros adoram os frutos e eles  servem para alimentação humana. Posteriormente poderemos retirar partes do mandacaru para fazermos doces. 
Com a cerca viva não precisaremos comprar arame farpado, nem  derrubaremos árvores  para fazer estacas. 

 

O SAF possui  diversas frutíferas, mas a prioridade é dada ao umbuzeiro, umbucajazeiro, cajazeiro, quipá, mandacaru e outras endêmicas.  Dessa forma, raramente precisamos comprar água. 

 

Devido o declive do terreno, precisamos criar mecanismos para conter o solo, direcionar água e fixar matéria orgânica.  Usamos para esse propósito pedras contidas no SAF, cascalho, madeira e aloe vera (babosa). 

A  agrofloresta possui um sistema eficaz de captação e armazenamento de água da chuva. Recebemos no início do projeto uma cisterna com capacidade para 16 mil litros, mas construímos duas cacimbas profundas que conseguem armazenar aproximadamente 100 mil litros. 

Uso da medicina natural das plantas endêmicas. Imburana, angico, catingueira, miroró, mulungu e outras. Estamos  aprendendo com a comunidade local a respeito da medicina das plantas, e temos estas espécies no sistema agroflorestal. 

 

Sete anos de agrofloresta paêbirú.

A Agrofloresta Experimental Paêbirú completou sete anos e desde o início da jornada  até o presente momento os propósitos e manejos foram mudando, as prioridades não são as mesmas.  Atualmente priorizamos a regeneração do solo e da biodiversidade, a valorização e propagação do umbuzeiro, do umbucajazeiro e demais frutíferas endêmicas, a recuperação da medicina tradicional e o uso de ervas medicinais do bioma caatinga, o aproveitamento dos recursos locais a exemplo do mandacaru para cerca viva e das pedras para a contenção do solo, folhas e direcionamento das águas, a captação de águas e o intercâmbio com a comunidade local.

 

Durante esta  semana  criamos barreiras para contenção de solo e água com  aloe vera( babosa), plantamos mandacaru na cerca viva e aprofundamos um pouco mais os tanques, mas devido as precipitações cessamos o manejo. 

 

 

Coleta de frutos e plantio na agrofloresta paêbirú

Nesta semana realizamos  podas nas árvores endêmicas  do SAF 2 para produção de biomassa, que foi colocada nas áreas com pouca  matéria orgânica. 

Durante os manejos, temos coletado grande quantidade de acerola e umbu.

Outra atividade realizada nesta semana foi o plantio de umbuzeiros.  Em duas etapas plantamos 12 mudas.

Aguardamos os frutos da romãzeira 

 

 

Chuvas favorecem a agrofloresta paêbirú.

O outono de 2019 começou há pouco tempo mas já trouxe mais precipitações que os anteriores, desde 2012. Essa condição climática está favorecendo a acumulação de biomassa obtida através das árvores endêmicas, da palma, da babosa, entre outras.

Os tanques  acumularam água suficiente e garantirão às frutíferas não endêmicas  regadas até o início do inverno. 

 

 

As podas estão ocorrendo constantemente e toda a biomassa está sendo incorporada nos canteiros. Outro fator positivo promovido pelas constantes precipitações é o avanço da cerca viva de mandacaru. 

 

As chuvas estão favorecendo a produção de umbu, que está acima da média, além da fixação de água nas batatas dos umbuzeiros. 

 

Cerca viva de mandacaru e umbus 

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